as pulseiras
Pois fui… doente, com febre, tosse, dores de cabeça, mas fui. Levei roupa quente, paracetamol e borboletas na barriga…
Uns dias antes tinha andado numa azafama, a comprar camisolas térmicas para a neve (sim eu sou muito friorenta) camisolas polares, leggings para a neve, meias…
Chegámos a Miranda do Corvo por volta das 22h15m e digo-vos - estava um frio de rachar…
Realmente aquela organização é da primeira divisão (assim como a organização dos Reis). Não tenho nada a apontar. Mostrámos o CC e recebemos o saco com o dorsal e uma pulseira com a cor correspondente à prova, até os acompanhantes (aka Roadys) tinham uma pulseira branca.
o buff
No saco do Lopes estava uma linda t-shirt alusiva ao evento. Fiquei roída de inveja. Mas quando abri o meu saco vi que tinha um buff, não da Buff, mas ainda melhor, um buff dos Abutres, lindo, que eu baptizei como o buff oficial dos walkers (aka pessoas que praticam caminhadas duras na montanha). Mas sobre a caminhada, falarei depois…
O Lopes ficou cheio de inveja. Até me ofereceu dinheiro por ele, mas nem pensar este é meu (e foi bem merecido).
- Trail runner tem buff da Buff, não tem dos abutres, e tu já tens o teu buff da Buff… - Disse lhe eu!!
buff dos walkers
buff da Buff
Depois desta discussão acesa, que podia perfeitamente ter dado em divorcio, fomos para a Lousã, onde tínhamos um quarto (miraculosamente marcado) na Pousada da Juventude.
No sábado de manhã cedo o pessoal do Ultra que estava na Pousada fez questão de acordar toda a gente… Obrigadinho!!!!
Eu calcei 2 pares de meias das quentinhas, vesti as leggings por baixo das calças de ganga, camisola térmica, camisola polar de gola alta, camisola polar e a sweat da equipa. Ainda levei o casaco, não fosse estar mesmo muito frio. Cachecol, mochila e os meus Merrells para dar umas corridinhas e estava pronta para a minha prova do dia... Ia ser duro.
preparação psicológica
Na zona de partida sentia se a ansiedade, estava cheia de pessoas de barba, bastões e buffs da Buff e havia um cheiro intenso a canfora... Acho que estava mais nervosa que o Lopes... E se ele cai e magoa-se, e se eu não consigo estar nos abastecimentos quando ele passar...
Houve uma triagem para verem se ele tinha o material obrigatório, e começou a caminhada até à partida...
Um minuto para a partida, o Lopes dá-me os óculos (já estão a perceber a minha preocupação, ele é pitosga e vai para os trilhos sem óculos), ultimas palavras de apoio e outras lamechices e eis que aí vai ele...
partida
De repente faz-se um silêncio e começo a perceber que estou mesmo em Miranda do Corvo, ou dos corvos, pois o silêncio era quebrado pelo som dos corvos... Até me arrepiei toda...
Estava na altura de ir para os autocarros. Estas subidas de autocarro pela serra, não são aconselhadas a cardíacos, nem a quem enjoa com facilidade... No caminho as ambulâncias... Cada uma que passa é menos um ano de vida que tenho... Fico apavorada com a ideia de que é o Lopes que vai lá dentro...
primeiro abastecimento
Como houve muita gente que foi também para a serra e levou o seu carro, o autocarro teve que ficar bem longe do local onde os atletas passavam. E toca a subir a passo rápido, correr um pouquinho... Já se ouve o barulho do pessoal a apoiar.
Os atletas apareciam numa descida, daquelas fofas, propícias a bonitos tralhos. Vi umas quedas bem bonitas, mas o pessoal é rijo e levanta-se logo.
Esperei, esperei, esperei, esperei, esperei, esperei, esperei, desesperei, esperei, esperei, esperei...E eis que vejo lá ao fundo um individuo de calças pretas e camisola azul...
Era o Lopes, finalmente o alivio. Lá desceu aquilo, deu um pequeno tralho e levantou se...
FORÇA LOPES!!!!
Finalmente viu-me (sem óculos é mesmo pitosga), e lá estava o sorriso rasgado, o sorriso que me sossega. Começo a correr a seu lado. Diz me que está bem e que está a gostar muito.
bonitos ténis
Estão bonitos, estão!!! Ténis novos e já estão assim...
Fiquei com ele no abastecimento. Comeu uma sopa, bebeu água... Trocamos mais umas lamechices e deixo o ir, com o coração apertado. Reparei que logo a seguir a este abastecimento há uma subida fofa... A mítica escadaria para a Sra. Da Piedade.
Olho para o relógio, bolas não vai dar tempo para apanhar o próximo autocarro, tenho que dar uma corridinha. Queria ficar mais um pouco no abastecimento para ver chegar pessoal conhecido de outra equipa, mas o meu foco era o Lopes...
Felizmente consigo apanhar o autocarro para Gondramaz. Novamente a enchente de carros não permite que o autocarro fique perto da aldeia.
Gondramaz
Bolas! Gondramaz é realmente um local mágico, mesmo cheio de gente.
Posiciono-me num sitio estratégico, mas à sombra. Estava demasiado frio. Mesmo assim fiz questão de aplaudir todos os atletas que passaram. Houve um que estava em tronco nu... Ou a camisola tinha ficado algures toda rasgada ou é um homem mesmo muito calorento...
Passado uma horinha, achei que devia arranjar um spot que tivesse sol, então meti-me mais para o interior do percurso.
Esperei, esperei, esperei, esperei, esperei, esperei, esperei, desesperei, esperei, esperei, esperei... Desesperei mesmo, como a rede é escassa nem conseguia falar com o meu apoio habitual nestas situações, que costuma estar a ver o live tracking... Desesperei tanto que nem reparei que estava cheia de fome. Mas a fome pode esperar, o Lopes pode aparecer de repente, não há tempo de ir à mochila procurar algo para comer... Desesperei tanto que quase chorei, de medo, de aflição por estar ali parada ao sol, ele podia precisar da minha ajuda...
Finalmente apareceu, finalmente. Vi que vinha de rastos, o sorriso estava lá, mas era um sorriso para me sossegar. Fiquei tão feliz por vê-lo... Comecei a correr com ele até ao abastecimento, que era em frente à Casinha do México 💗...
Estava a ser uma prova muito dura. Tiveram uma subida muito perigosa e ele vinha muito cansado. Levou uma tareia.
Comeu mais uma sopa (cheirava bem e eu estava cheia de fome), bebeu água, mais umas lamechices trocadas e lá vai ele. E lá fui eu para o autocarro. Finalmente pude comer o meu "almoço" e consegui sossegar o pessoal que estava preocupado.
chegada
Na zona da chegada escolhi um ponto estratégico para o ver chegar. Estava no final de uma recta enorme que parece que não tem fim (como eu iria verificar no dia seguinte), e que cruzava à direita para a zona da meta. Sentei-me no muro e comecei a apoiar os atletas que chegavam:
-Vá, está feita!!! Só mais uns metros!!!
- É só mais uma subidinha!!! (para quem vinha na cavaqueira)
Mais uma vez esperei, esperei, esperei, esperei, esperei, esperei, esperei, desesperei, esperei, esperei, esperei... E eis que lá ao fundo vejo alguém de calças pretas e camisola azul, era ele. Ponho-me de pé, em cima do muro e começo a acenar (bolas é mesmo pitosga).
Começo então a correr até ele. Vejo então o mais esperado, o sorriso... Ele vinha ainda mais cansado, a ultima parte tinha sido muito técnica e para terminar em beleza, parece que estiveram a patinar na lama.
E lá fomos os dois para a meta.
Já está, o Lopes fez os Abutres e ficou com vontade de repetir...
Sobre a caminhada, a rainha das caminhadas, posso já dizer que foi BRUTA!!! Mas terá que ficar para depois...
Rita Merenda